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De bairro mais violento do mundo ao berço do empreendedorismo periférico. Conheça o JD. São Luís!

Vamos conhecer um pouco sobre o bairro Jardim São Luís, localizado na periferia sul de São Paulo. De curiosidades sobre sua história a ações que transformaram a região num polo de produção cultural e referência no empreendedorismo periférico.

 

Curiosidades sobre a história do Jardim São Luís

Um dos 10 bairros mais populosos da cidade de São Paulo, atualmente na sexta posição com mais de 260 mil habitantes, segundo projeção da Fundação Seade, o Jardim São Luís nasceu como uma das muitas vilas de operários, populares entre as décadas de 1950 e 1960, em decorrência do forte processo industrial que trouxe trabalhadores de todo o Brasil para a região.

30º subdistrito legalizado na cidade de São Paulo, o Jardim São Luís tem na história e no nome uma forte relação com a fé. No princípio, pertencente ao subdistrito de Santo Amaro, contava com a capela Nossa Senhora da Penha, no Bairro da Penhinha, porém foi o santo francês Louis Marie Grigñon, popularizado como São Luís, que nomeou e apadrinhou o local.

 

Desenvolvimento social do Jardim São Luís

O crescimento desordenado que dominava o município de São Paulo em decorrência do processo de industrialização local resultou numa mistura de vilas, loteamentos clandestinos e favelas, estas presentes até os dias de hoje. Só no Jardim São Luís, mais de 25% das casas estão em favelas.

Com o passar do tempo, o Jardim São Luís cresceu e os problemas sociais também, tanto que já foi considerado o bairro mais violento do mundo. Pertencia ao “triângulo da morte”, junto do Capão Redondo e Jardim Ângela, em decorrência dos altos índices de violência que atingiam a região na década de 1990. Entretanto, muitos de seus moradores inconformados com a situação arregaçaram as mangas e, ao invés de se mudarem de lá, optaram por mudarem o local em prol do melhoria da qualidade de vida e oportunidade para a comunidade.

Este movimento começou há décadas, quando a região ainda era uma zona rural e os índices sociais não existiam. Um exemplo de iniciativa que se iniciou nessa época é a Fundação Julita.

Fundada em 6 de dezembro de 1951 por Antônio Manuel Alves Lima na região hoje conhecida como Jardim São Luís, a Fundação Julita, cujo nome é uma homenagem a sua esposa Julitta Prado Alves Lima, surgiu como uma entidade que oferecia abrigo, educação, alimentação e outros direitos básicos à população migrante das zonas rurais que precisavam de ajuda com as necessidades para sobreviver.

Hoje a Fundação Julita atende diariamente cerca de 1.200 pessoas com idades entre 4 meses a 60 anos ou mais, com o objetivo de promover uma educação igualitária, o desenvolvimento humano, exercício da cidadania e inserção social por meio de ações socioeducativas.

A exemplo da Fundação Julita, muitas outras ações são desenvolvidas por quem busca a igualdade social. Deste modo, deixando o estigma de bairro violento para trás, o Jardim São Luís tornou-se também um dos polos culturais da região sul de São Paulo, abrigando muitas iniciativas destinadas a promover a educação e inclusão social através da arte, cultura, dentre outras ações.

A artista do audiovisual periférico Júlia Ferreira, que vive há 25 anos na região, nos contou que um dos lugares mais frequentados por ela é o Centro Cultural Monte Azul, onde acontecem “mostras de teatro, orquestra com jovens da favela, apresentações maravilhosas. Sem contar o trabalho lindo que a iniciativa tem de abraçar a comunidade do entorno.”

Júlia ressalta que o local é muito importante para a região, pois oferece “cultura e lazer para a criançada e para os adultos, alguns cursos de idiomas, teatro, dança.” Por fim, ela destaca que o centro cultural se manteve graças às Associações Monte Azul e ao Bloco do Beco.

O Bloco do Beco, aliás, tem uma longa história com o Jardim São Luís. Isso porque a iniciativa promove a diversidade, valorização da cultura periférica e do carnaval de rua através de seu tradicional bloco que reúne sambistas e artistas de toda a região, além de realizar oficinas culturais, eventos comunitários e atividades para o público infantil.

A Fábrica de Cultura do Jardim São Luís também tem grande destaque na região, pois oferece cursos, atividades culturais, bibliotecas, estúdios para gravação de áudio e vídeo, espaços que possibilitam reuniões de estudo e trabalho, ou seja, uma estrutura que pode contribuir para impulsionar diversas ações e empreendimentos em fase inicial.

Já o projeto Felicinema promove junto aos moradores da Favela da Felicidade, no Jardim São Luís, atividades culturais de diversos segmentos com foco na potencialização do indivíduo no âmbito pessoal, intelectual e territorial.

Felicinema é uma das iniciativas participantes do Edital aTUAção PerifaSul 2020, realizado pela Fundação ABH, Instituto Jatobás, Fundação Alphaville e Macambira Sociocultural, esta última tem sede no Jardim São Luís e atua como uma consultoria sociocultural que propõe inovação na temática empreendedorismo periférico.

 

Jardim São Luís e o empreendedorismo periférico

Quanto se trata de empreendedorismo, o Jardim São Luís tem grande representatividade na periferia sul de São Paulo, pois é rico em iniciativas e ações que objetivam potencializar o empreendedor periférico.

No bairro está a Rede Empreendedora São Luís – Feito na Quebrada que, desde 2016, se dedica a fortalecer o empreendedorismo periférico com base na economia criativa e solidária.

Além disso, a região conta com empreendimentos famosos, como o EX Burguer, a hamburgueria de Ademario Santos Silva, que começou seu negócio na garagem de sua casa, no Jardim São Luís, e hoje possui 33 unidades sob o slogan “a periferia venceu”.

Um outro grande “point” para os moradores do Jardim São Luís, sobretudo os ligados a movimentos artísticos, é o Bar do Zé Batidão. Há 25 anos na região, recebe o famoso Sarau da Cooperifa que reúne poetas, músicos, escritores, slammers, para divulgarem seus trabalhos e mandarem suas letras. O estabelecimento é conhecido ainda por servir o escondidinho de carne seca mais famoso da região.

Essa foi apenas uma pitada de sabor no caldeirão multicultural e potente que é o Jardim São Luís. Vale a pena conhecer!