No quarto conteúdo da série de entrevistas com os membros do Comitê Construtivo, abordaremos a trajetória da parceria entre a Fundação ABH e a publicitária Naiara Padial Corso, desde sua participação no edital aTUAção PerifaSul ao seu trabalho na gestão e comunicação do FCP M’Boi (Fundo Comunitário PerifaSul M’Boi Mirim), potencializando iniciativas da periferia sul de São Paulo em prol do desenvolvimento comunitário local.

Quem é Naiara Padial Corso?

Nascida em São Paulo, Naiara Padial Corso cresceu entre o município de Taboão da Serra e o distrito do Campo Limpo, na zona sul da cidade. Formada em publicidade, a também produtora cultural e diagramadora atuou na área de mídia online e offline de agências durante 10 anos.

Em 2017, decidiu buscar um trabalho mais alinhado com seus princípios e visão de mundo, iniciando assim uma transição de carreira que lhe permitisse estar mais presente e próxima da realidade do seu território de origem, a periferia.

Atualmente, Naiara é integrante de coletivos socioculturais da periferia sul de São Paulo como: o Sarau do Binho, a FELIZS – Feira Literária da Zona Sul,  a Biblioteca Comunitária Djeanne Firmino e o FCP M’Boi (Fundo Comunitário Perifasul M’ Boi Mirim), além de ter parceria pontual com diversos outros grupos contribuindo nas áreas de comunicação, marketing e produção.

Conexão com a Fundação ABH e o FCP M’Boi

A jornada da parceria entre a Fundação ABH de Naiara Padial começou a ser trilhada em 2019, quando a publicitária participou do Edital aTUAção PerifaSul com o e-Bairro, que gerou diversas outras colaborações entre a Fundação ABH, ela e outras iniciativas do território.

“De lá pra cá, recebi vários convites para participar das propostas da Fundação ABH, como o PerifaSul 2050, onde várias pessoas da periferia sul de São Paulo se reuniam para pensar juntos estratégias e soluções para os problemas que a periferia enfrenta. Essa ação desencadeou a formação do Comitê Construtivo e o Fundo Comunitário PerifaSul M’Boi Mirim, do qual faço parte”, conta Naiara.

O Comitê Construtivo e o FCP M’Boi

Naiara Padial relata que, inicialmente, passou a fazer parte do Comitê Construtivo do FCP M’Boiapenas como membro, a fim de contribuir com sua visão de moradora da periferia sul de São Paulo, mas o progresso dos trabalhos trouxeram um novo desafio e uma nova oportunidade para a publicitária.

“Com o avanço das ações e a necessidade de sermos mais efetivos na comunicação, assumi a gestão das redes sociais e comunicação do FCP M’Boi. Entre as várias mudanças que passamos nesses três anos, acabei me aproximando mais da gestão e me envolvendo com as demandas burocráticas e administrativas, o que foi muito positivo para mim e para a minha transição de carreira, pois expandiu muito meus horizontes e conhecimentos sobre captação de recursos, filantropia e fundos patrimoniais. No entanto, sentimos a necessidade de ter uma pessoa 100% dedicada ao FCP M’Boi para que pudéssemos avançar mais rápido e atingir os nossos objetivos com precisão”, declara a comunicadora.

Naiara acrescenta ainda que, com a chegada de Luciana Moreira como gestora e captadora, pôde voltar a se “dedicar mais à comunicação sem deixar de prestar meu apoio a ela e de representar o FCP M’Boi e o Comitê Construtivo quando necessário”.

Atuação e Impacto do FCP M’Boi

Naiara Padial destaca o empenho da equipe do FCP M’Boi em criar e desenvolver uma iniciativa tão inovadora e transformadora, além da consciência que o grupo tem dos desafios desta empreitada e de que cada passo dado é resultado de um trabalho meticuloso, invisível aos olhos externos, mas fundamental para atingir o objetivo final de transformar o território e melhorar a qualidade de vida de seus moradores.

“À distância, pode parecer muito pouco o que já conseguimos executar, mas, nos bastidores, temos um trabalho intenso acontecendo, muito preparo, dedicação e organização para que possamos realizar o que estamos nos propondo. São muitos os desafios que enfrentamos diante de algo tão grandioso como a criação de um fundo como esse”, declara a publicitária.

Naiara faz uma análise do desempenho do grupo e da atuação do fundo comunitário, destacando que cada etapa desse processo exige reflexão, maturidade e um olhar estratégico para o futuro, buscando compreender profundamente os desafios antes de tomar uma decisão.

“As possibilidades que se apresentam à nossa frente também são muitas e foi preciso tempo de amadurecimento para compreendê-las, para estruturar, articular e, aí sim, partir para ação. Ao meu olhar, estamos indo muito bem, no tempo certo, para que, no futuro, os alicerces sejam firmes. Estamos aprendendo a caminhar com as próprias pernas e, aos poucos, estamos encontrando o caminho para realizar nossos objetivos”, explica.

Expectativas para o Futuro 

Olhando para o futuro, Naiara Padial enxerga um leque de possibilidades em que a parceria com a Fundação ABH, a movimentação do Comitê Construtivo e a atuação do FCP M’Boi podem transformar realidades, conectar potências comunitárias e construir caminhos que coloquem a população da periferia sul de São Paulo como protagonistas da própria história e do desenvolvimento do território.

“Acredito muito na potência do FCP M’Boi como um aliado dos movimentos, ações e coletivos que já existem e no apoio a formação de novos. Creio que o caminho para uma comunidade próspera e digna está no equilíbrio. Olhar para as diversas áreas de necessidade e para as potências desse território, articular parcerias, proporcionar conexões e até mesmo representar o M’Boi Mirim quando houver oportunidade e pertinência estão entre os planos de médio e longo prazo do FCP M’Boi”, pontua a comunicadora.

Ela acrescenta ainda que todo esse processo foi um divisor de águas em sua vida profissional: “Me trouxe muito mais bagagem, repertório, me apresentou a pessoas e instituições, possibilitou que eu ganhasse mais autonomia e confiança. Tudo isso fortaleceu a certeza de que a escolha que eu fiz no passado ao buscar um modelo de trabalho com mais propósito era realmente um acerto, de que existem muitos caminhos possíveis e que ao longo dessa caminhada é possível se reinventar”.

Para Naiara Padial, a experiência no Comitê Construtivo e no FCP M’Boi reflete a importância do trabalho em rede no desenvolvimento da periferia sul de São Paulo.

“Para mim é difícil pensar um território que não seja articulado em rede, pois eu estou inserida nessa realidade desde sempre, mas sei que não é assim em todo lugar.  No M’Boi Mirim e outros bairros próximos, não é difícil perceber o resultado positivo dessas ações e o potencial que essa articulação tem. Vemos coletivos e lideranças se ajudando, se complementando, estabelecendo parcerias que só os fortalecem e contribuem para que os trabalhos desenvolvidos gerem cada vez mais impacto”, declara a gestora de comunicação.

Naiara ressalta também a importância da Fundação ABH ao longo dessa jornada: “Ter a Fundação ABH como parceira, nos possibilita acessar outros pontos de vista a respeito do 3º setor, conhecer outras possibilidades de captação de recursos, outros modelos de filantropia e desenvolver um pensamento mais amplo, que não deixa de contemplar as nossas necessidades de apoio, mas também nos coloca no lugar de apoiadores”.

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