Questões ambientais estão presentes tanto nos pilares da Fundação ABH, quanto nas ações que apoiamos em prol do desenvolvimento comunitário na periferia sul de São Paulo.

O tema também está dentro da categoria de Vida Digna e Bem-Estar da nossa mandala do PerifaSul 2050, que reúne questões socioambientais prioritárias para os atores da quebrada paulistana.

Dentre elas está a Preservação da Vida Terrestre (ODS 15) que é uma das 17 ODSs (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU.

No artigo de hoje, para além de debatermos a importância dessa temática na região em que atuamos, faremos um passeio pelo próprio território, conheceremos as riquezas naturais da Ilha do Bororé, bairro localizado no extremo sul da cidade de São Paulo, dentro de uma APA (Área de Preservação Ambiental) e iniciativas que atuam para a conservação do uso sustentável da biodiversidade e dos ecossistemas.

A Ilha de Bororé

Pertencente ao distrito do Grajaú e localizado ao lado de Parelheiros, ambos na periferia sul de São Paulo, a Ilha do Bororé é, na verdade, uma península, já que um de seus lados é conectado ao continente, separada da urbanidade pelas águas da Represa Billings.

Estima-se que a Ilha do Bororé tenha se desenvolvido no final do século XIX, antes mesmo da construção da represa. Atualmente, a região conta com cerca de 80% de sua área coberta pela Mata Atlântica e abriga riquezas naturais e culturais que surpreendem aqueles que têm a oportunidade de explorá-la.

Além da riqueza ambiental, a Ilha do Bororé preserva também um valioso patrimônio histórico e cultural. De acordo com dados da Prefeitura de São Paulo, a região abriga diversos patrimônios históricos que retratam a trajetória da Colônia Paulista, fundada em 1829 com o nome de Colônia Alemã, um dos mais antigos focos de colonização estrangeira do Brasil.

Dentre eles estão o Cemitério da Colônia (1840), o mais antigo da cidade, a Casa de Taipa (1870), primeiro cemitério protestante do país, e a Igreja de S. Sebastião (1904), esses últimos ainda em processo de tombamento.

Essa união entre natureza e história se reflete no nome dado a Unidade de Conservação (UC) que abarca a região: a Área de Proteção Ambiental Bororé-Colônia, que pertence ao Polo de Ecoturismo de São Paulo e oferece diversas atividades turísticas e culturais como trilhas ecológicas, gastronomia e locais históricos.

Conscientização ambiental na Ilha do Bororé

Apesar do lado turístico, a Ilha do Bororé tem sido protegida do avanço urbano e seus moradores geralmente mantêm um estilo de vida semelhante aos ambientes rurais, além disso os jovens que vivem na região aprendem desde cedo a reconhecer a importância histórica e cultural do bairro através de iniciativas que realizam atividades pioneiras em urbanismo, agricultura e educação ambiental na região.

Casa Ecoativa

Casa Ecoativa –

Localizada às margens da Represa Billings, a Casa Ecoativa da Ilha do Bororé é um programa de gestão ambiental participativa criado em 1998, que mais tarde se tornou um centro eco-cultural, cujo objetivo é promover a cultura e a história da comunidade local, através de diversas formas de expressão, como o grafite, a pintura e fotografia.

A Casa Ecoativa promove atividades culturais e socioambientais por meio de práticas sustentáveis, como a permacultura, fomentando a conscientização ambiental, sobretudo junto aos jovens da região, que se reúnem para realizar atividades em meio à natureza, além de discutir e aprender outras práticas sustentáveis, como o preparo e o compartilhamento de refeições orgânicas e veganas de forma comunitária, entre outras ações.

Cooperapas

Arquivos Cooperapas - Conexão Planeta

A Cooperapas (Cooperativa Agroecológica dos Produtores Rurais e de Água Limpa da Região Sul de São Paulo) é a única cooperativa de produção orgânica da capital paulista, com o cultivo de frutas, verduras e legumes.

Além disso, a Cooperapas promove a conscientização ambiental, produção de água limpa, que abastece as represas Billings e Guarapiranga, preservação de nascentes e das reservas naturais do território, que abriga os principais remanescentes de mata atlântica preservada da cidade, evitando assim que o território sofra as consequências das construções imobiliárias.

Sítio Paiquerê

5 atividades imperdíveis no Polo de Ecoturismo de Parelheiros

O Sítio Paiquerê é outra referência quando o assunto é agricultura sem o uso de veneno e biodinâmica, sendo um dos pioneiros na certificação de produtos orgânicos. 

Os visitantes podem ter contato com a horta do local, bem como desfrutar de  refeições com pães e derivados de leite de produção própria. Os mais aventureiros podem caminhar ou andar de bicicleta pelas trilhas acessíveis pelo sítio.

CoguLi

CoguLi –

O CoguLi é um sítio que produz e comercializa alimentos in natura ou em forma de antepastos a base de shimeji, shiitake, cogumelos portobello, entre outras espécies de cogumelos, verduras e flores comestíveis derivadas da agricultura familiar.

Os visitantes podem conhecer a estufa de cultivo das espécies, bem como degustar diversos pratos preparados com a iguaria, como o bobó de cogumelo, especialidade do sítio, que também funciona como um hostel.

Lu Recicla Alimentos

Idealizado pela educadora social de alimentos Luciana dos Santos, o Lu Recicla Alimentos nasceu em 2017, a princípio como um negócio de confeitaria, que mais tarde se tornou uma prestação de serviço de ecogastronomia.

Entretanto, até chegar neste ponto, Lu, como é conhecida, teve uma longa jornada. Em entrevista à Agência Mural, ela contou que, após 11 anos longe do mercado de trabalho, encontrou novas oportunidades na Cooperativa de Mulheres Solidárias da Ilha do Bororé, onde teve o primeiro contato com a reutilização total dos alimentos. 

Posteriormente, na Coopertec, uma cooperativa de catadores de materiais recicláveis da região, passou por um processo de conscientização ambiental quanto a poluição causada pelo uso de embalagens descartáveis como plástico e isopor, o que a fez adotar a prática sustentável de vender seus produtos sem elas. 

Atualmente, Lu é voluntária na Casa Ecoativa, é educadora social de alimentos no CDHEP (Centro de Desenvolvimento Humano Educação Popular) e realiza formações no CCA (Centro para Crianças e Adolescentes) em bairros como Ilha do Bororé, Parelheiros, Marsilac, Jardim São Luís, Capão Redondo e Jardim Lídia.

O cardápio de Luciana, que tem como lema “uma refeição a mais por um resíduo a menos”, conta com geleias, tortas, sucos, doces, bolos, caldos, molhos, sopas, pães e outros alimentos, enriquecidos com vitaminas, minerais, proteínas e fibras.

Nossa Fazenda

Nossa Fazenda - Acolhida na Colônia

Nossa Fazenda fica no bairro de Parelheiros, que também é considerado como patrimônio ambiental, e está localizado entre as APAS (Áreas de Proteção Ambiental) Bororé-Colônia e Capivari-Monos.

No espaço de 4 mil metros quadrados, mantido pelas proprietárias Vania Maria Ferreira dos Santos e Valéria Maria Macoratti, os visitantes têm acesso a trilha, horta, animais variados, plantio orgânico, pintura com tinta de terra, camping, alimentação saudável com alternativas vegetarianas e vegana.

Além disso, o sítio Nossa Fazenda realiza trabalhos em permacultura, possui saneamento básico alternativo, com fossa biodigestora, e outras práticas sustentáveis, como filtro biológico de águas cinzas, sistema de compostagem e banheiro seco.

A Fundação ABH reconhece a potência e importância das riquezas naturais e únicas localizadas no extremo sul da cidade de São Paulo, bem como acredita e trabalha em prol da identificação, valorização e conexão dos moradores com o próprio território em que vivem, vasto de recursos e pessoas que fazem acontecer.

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